12 de Janeiro de 2005 - ANO XI - Número 324

COLÔMBIA: NO PAÍS DO NARCOTRÁFICO, A MAIOR VIOLÊNCIA É A MISÉRIA

Um país, várias guerras

No front sangrento da luta entre governo e guerrilha, palco prioritário do combate às drogas à moda dos EUA, a violência cotidiana tem origem na miséria e nas ações e omissões do Estado

 

"Por que vocês não pediram a seus parentes para buscá-los na rodoviária? Eles sabem que vocês estão aqui?"

As perguntas do taxista e as rápidas comunicações em código por rádio trouxeram imediatamente à memória de dois jornalistas brasileiros recém-chegados à Cali, na Colômbia, os relatos de Gabriel García Márquez em Notícia de um Seqüestro. Vêm também à lembrança os três anos de rapto da candidata à Presidência, Ingrid Bettancourt e outras histórias de abduções no país.

– Sabem, sim! É que chegamos mais cedo para fazer uma surpresa.

É a primeira resposta que vem à mente, preocupada em passar segurança na voz, gravar o caminho por ruas desconhecidas e ainda planejar alguma improvável reação com um velho canivete suíço. O medo e a paranóia com que os colombianos convivem acabam de fazer mais duas vítimas.

 

Depois, descobriu-se que o endereço estava copiado errado (rua 1B ao invés de 18) e os códigos provavelmente seriam para segurança do próprio motorista informando à central sobre sua localização e destino.

O táxi pára diante de um condomínio de prédios de classe média, com grades altas e dois entregadores de pizza em frente à guarita esperando que os moradores venham retirar seu jantar do lado de fora dos portões. Mais simpático do que em geral seus companheiros de profissão no Brasil, o misto de porteiro e segurança informa que não é ali. Ele mesmo liga para o telefone indicado no papel, conversa com o colega do endereço certo, corrige a numeração da rua, liga para uma “empresa confiável” e chama outro táxi.

Estima-se que a Colômbia produza de 70 a 80% de toda a cocaína consumida no mundo. Não há números totalmente confiáveis sobre o volume real de dinheiro movimentado pelo tráfico de drogas na Colômbia, mas a atividade é a maior responsável pelo ingresso dólares no país (seguida, incrivelmente nesta ordem, pela remessa de dinheiro por famílias de colombianos vivendo nos EUA, café e petróleo), ainda que só reingressem entre US$ 2 e US$ 4 bilhões dos US$ 100 bilhões gastos em consumo de cocaína anualmente nos Estados Unidos. Isto porque o preço do pó na Colômbia é 40 vezes menor que nas cidades norte-americanas. Globalmente, o narcotráfico movimenta mais de US$ 300 bilhões por ano, o equivalente a 40% do PIB do Brasil ou três vezes o PIB da Colômbia.

Cali, uma das cidades mais violentas da Colômbia com 90 a 100 homicídios para cada 100 mil habitantes e famosa pelo cartel de cocaína que rivalizava com o de Pablo Escobar nos anos 90, é um bom retrato da vida urbana no país. Os ricos e remediados se refugiam atrás de milícias privadas em condomínios de luxo e fazem suas compras nas lojas chiques do Centro Comercial Chipichape. A classe média baixa e os miseráveis vivem segregados em periferias violentas ou em cortiços no centro. Mas o medo está por toda a parte.

 

JUSTINE. Instante decisivo para os Médicos Sem Fronteiras

 
A extrema gentileza do povo colombiano se contrapõe à paranóia com a segurança. Nos armazéns e internet cafés das ruas de paralelepípedo do centro com seus prédios coloniais, as atendentes têm sempre um sorriso no rosto, mesmo atrás de grades reforçadas e vidros à prova de balas. Detectores de metal estão presentes não só nos bancos, mas em repartições públicas e prédios universitários.

Enquanto a polícia pára na rua motoqueiros e carros com vidros escuros, jovens executivos são revistados por seguranças privados na entrada de choperias badaladas em pleno happy hour. A música é quase sempre a salsa, seja nos bares, nas danceterias, nas favelas, nos táxis…

Há zonas e horários de maior perigo, como em qualquer lugar do mundo, e um perfil claro das vítimas. Mulheres, por exemplo, representam menos de 10% dos homicídios e 70% dos mortos tem entre 15 e 34 anos. Para quem está fora desse quadro e não tem ligação com o tráfico ou a criminalidade, a chance real de um assassinato é pequena.

 

Contudo, conhecer as estatísticas não é o suficiente para tranqüilizar o jornalista e professor José Vicente Arismendi, que por dez anos dirigiu o noticiário regional da Rede Telepacífico. Em um fresco começo de noite, ele se recusa a deixar o carro e a procurar um bar a pé. Prefere ir a algum lugar com estacionamento fechado. Liga para a esposa, diz onde está e que não vai demorar. Falaria com ela ainda duas vezes, na próxima hora e meia, a repetir que estava bem.

Arismendi justifica-se culpando o sismo de três noites atrás, que abalou a estrutura de alguns prédios na cidade, mas não fez vítimas fatais:

– Não estou mais acostumado a sair à noite. Temos duas crianças pequenas que ficaram em pânico com o terremoto de domingo (dia 14 de novembro). E tem também essa violência urbana!

 

Na manhã seguinte, um outro táxi para Aguablanca, distrito distante do centro que abriga 550 mil dos 2 milhões de habitantes de Cali. Bairro de maioria negra ou mestiça, muitos refugiados (desplazados) internos e altos índices de criminalidade. Ruas esburacadas, casas de alvenaria misturadas, barracos de pau-a-pique e chapas de metal. São 10 da manhã e o motorista sua muito, talvez por causa do calor úmido e abafado típico da região e vai mostrando-se cada vez mais apreensivo. Não consegue achar o endereço entre as ruas numeradas. Na Colômbia, as ruas não têm nomes.

– Se eu soubesse que era tão longe, não tinha vindo. Não estou acostumado a andar por aqui. Esse lugar é muito perigoso.

O taxista pára quatro vezes para perguntar o caminho. Parece não confiar nas respostas, mesmo quando são idênticas. Também não deixa os passageiros descerem para procurar a pé o escritório dos Médicos Sem Fronteiras (MSF):

– Vocês seriam assaltados antes do fim quarteirão!

CIDADÃOS SOB SUSPEITA.

Batidas e revistas policiais são freqüentes no Centro de Bogotá

 
Quando finalmente encontra o local, está tão nervoso que desliga o taxímetro, e diz um preço qualquer, certamente abaixo do que custaria mais de uma hora de viagem. Ele só quer voltar para o centro o mais rápido possível.O Programa de Reabilitação Integral e Prevenção da Violência que os Médicos Sem Fronteiras desenvolvem há seis anos em Aguablanca passa por um momento decisivo. A própria entidade se vê obrigada a reduzir seus investimentos e focar a atuação em projetos típicos de emergência médica no mundo todo (isso em razão da diminuição das doações por parte de países que estão redirecionando suas verbas para ações da “guerra contra o terror”). Por outro, há a necessidade de o governo colombiano encampar projetos sociais e de saúde de sucesso para justificar o dinheiro que recebe de organismos como BID, FMI e Banco Mundial e do Plano Colômbia.

Assim, em dezembro de 2004 o Programa de Reabilitação, inédito no país, que forneceu assistência social, médica, fisioterápica e psicológica a mais de 2,7 mil vítimas de violência urbana, foi transferido para uma “empresa social” ligada ao governo de Cali, a ESE Oriente. A coordenadora dos MSF, Justine Simons, explica:

– Tínhamos consciência de que teríamos de achar alguma fonte de financiamento alternativa para o programa ou repassá-lo para a municipalidade. Sabemos que não será igual, mas plantamos a semente e estamos dando a oportunidade para o Estado mostrar que é capaz.

Numa visita rápida ao Centro de Saúde de Marroquín, no coração de Aguablanca, fica claro o perfil das vítimas e o contexto social da violência. São jovens pobres atingidos por balas perdidas, feridos em assaltos, em brigas de bar, disputas por mulheres, guerras de quadrilhas… Uma mistura explosiva de miséria, perda de valores morais, álcool, drogas e facilidade de obtenção de armas. Nada que surpreenda um cidadão brasileiro.

Exemplo disso é Julio César Tavares, de 24 anos, ladrão desde os 13 e que começou a matar aos 16, quando juntou uma turma para vingar a morte de um amigo e participou da chacina de 18 rivais no bairro. Ele recebe a reportagem na casa simples no bairro de Floralia, próximo a Aguablanca, onde vive com o filho e esposa.

UM MATADOR.

Quando é por vingança, "tenho prazer mesmo", conta Tavares

 

 Na melhor tradição da hospitalidade colombiana, Tavares oferece suco de manga, pipoca e exibe, orgulhoso, os símbolos de status da juventude na Colômbia: camiseta e tênis originais da marca Puma, que certamente não custaram menos de R$ 300 ou R$ 400.

– Os paramilitares quiseram me contratar como pistoleiro, pagando 900 mil pesos (cerca de R$ 1 mil) por morte, mas eu não quis, porque depois não se consegue sair e eu gosto de ser independente. Pra matar, você não pode pensar muito, tem de ser frio, puxar a arma e dum dum. Eu não sinto nada quando me mandam matar uma pessoa, só quando é vingança, aí eu gosto, tenho prazer mesmo.

Ironicamente, Tavares foi parar no Programa de Reabilitação dos MSF por ter sido espancado até quase a morte por dois desconhecidos que lhe roubaram a insignificante quantia de 2 mil pesos (algo como R$ 2,5). Mas isso foi há mais de um ano e agora ele está de volta à vida de crimes.

Em Bogotá, o quadro de violência e paranóia em é bem diferente. A 2,7 mil metros de altitude, a temperatura média é de 14 a 20 graus e a arquitetura, de inspiração inglesa de bairros como Teusaquillo, onde ficam as sedes de várias ONGs que atuam no país.  A capital colombiana lembra, em certos aspectos, uma cidade européia. As ruas são limpas, arborizadas e bem iluminadas, e os adolescentes de classe média jogam basquete nas quadras abertas das praças até tarde da noite.

Nas imediações da rua 93, bares e cafés sofisticados atraem os jovens da elite que podem desfilar tranqüilamente suas roupas de grife (Hugo Boss, Levi’s, Adidas...). A música dominante já não é salsa, mas rock cantado em inglês. Em uma enorme lanchonete da rede McDonald’s, as crianças "bem-nascidas" podem festejar aniversários com segurança e sob a proteção sorridente do palhaço-anfitrião Ronald McDonald.

No centro da cidade, repleto de prédios históricos em estilo colonial, ficam os teatros, museus, salas de espetáculos e bares freqüentados por intelectuais. Mas, diferentemente do que ocorre nos bairros ricos, as forças de segurança da área central não vestem ternos bem cortados nem usam rádios de comunicação discretos. O mais comum são uniformes militares e pesados fuzis de ataque de fabricação americana. Batidas, revistas policiais e prisões de “suspeitos” são constantes.

De acordo com o coordenador do programa de desarmamento da prefeitura de Bogotá, padre Alírio López Aguilera, a estratégia ajudou a derrubar as taxas de homicídio em mais de 35% entre 1998 e 2003.

Em seu agradável escritório na sede da prefeitura, bem no centro da cidade, o padre Aguilera recebe a reportagem numa elegante camisa de seda negra fechada até o colarinho, simulando uma batina, e destaca os dados em documentos com uma caneta que exibe a marca Montblanc:

DESARMAMENTO.

Segundo o padre Aguilera, a mentalidade está melhorando, mas as estatísticas oficiais são discutíveis

 

– O programa de entrega das armas por bônus, que podem ser trocados por comida e roupas, recolheu mais de 4 mil armas de fogo, 30 mil cartuchos de munição, centenas de artefatos explosivos e milhares de armas de brinquedo desde 1996. Mas o principal é a mudança da mentalidade. Numa pesquisa de 1994, 70% dos entrevistados diziam ser importante ter uma arma para sua defesa e hoje esse índice se inverteu para 30%.

 
 Ninguém contesta a validade da iniciativa e seu impacto positivo. Mas os dados e metodologias são motivos de controvérsia. Antonio da Silva, um economista brasileiro que desde 1996 atua em organizações humanitárias internacionais e até o fim de outubro trabalhava como coordenador-geral dos MSF em Cali, diz que as estatísticas da violência em Bogotá foram maquiadas:

– A prefeitura de Bogotá passou a não considerar o violento distrito de Cidade Bolívar, onde vivem mais de 1 milhão de pessoas em situação de grande miséria, como parte do município.

O frei Omar Fernández, diretor-executivo da Comissão Interfranciscana de Justiça, Paz e Reverência à Criação é mais incisivo:

– Nos últimos dez anos, os governos nos vários níveis implantaram um projeto político-econômico quase fascista, de regressão de conquistas populares e direitos individuais em favor de uma “paz para os pacificadores”, ou seja, a classe média alta dominante, restringindo a população em geral aos bairros periféricos e sem qualquer infra-estrutura social.

Frei Omar prossegue:

– Isso sem falar na ação dos paramilitares e dos informantes pagos pelo governo para apontar “esquerdistas” nos bairros pobres. É a nova “limpeza social” da chamada Política de Segurança Democrática, que mata ou prende os líderes comunitários. Basta ir a Cidade Bolívar para ver.

Chegar a Cidade Bolívar, entretanto, não é fácil. São duas horas de ônibus por um cenário em que as casas e prédios vão ficando mais pobres e as ruas mais esburacadas a cada quilômetro.

Na base da montanha a vista lembra muito a favela da Rocinha, no Rio de Janeiro. Logo, no começo da subida, dezenas de crianças desocupadas brincam na quadra de cimento construída pela prefeitura.

A maioria não está na escola, porque as mães não podem pagar a “taxa de matrícula” de R$ 30 a R$ 60 por criança.

EDUCAÇÃO OU COMIDA

Das quatro filhas de Julia (à esq.) e de Luz, só uma está na escola

 

 Como as famílias em Alto do Cazucá, um dos pontos mais pobres de Cidade Bolívar, têm em média quatro filhos, o investimento é inviável e as mães têm de escolher entre a escola e a comida. Luz Helena Rodrigues tem 24 anos e duas filhas; sua cunhada Julia Juliete, aos 19 anos também é mãe de duas meninas. Das quatro, apenas a filha mais velha de Luz, de 8 anos, está na escola. Os pais e o avô das crianças estão presos acusados de ajudar a guerrilha, e as mães não têm com quem deixar as crianças, nem dinheiro para conseguir uma carteira de identidade que poderia lhes dar a chance de trabalhar registradas em alguma fábrica ou casa de família.

Sim, pode parecer incrível, mas além de pagar pela escola pública, também o RG colombiano sai caro porque exige a inclusão da tipagem sanguínea e do fator Rh, o que só pode ser feito em clínicas particulares autorizadas e custa em média o equivalente a R$ 60. O Estado dificulta o acesso a direitos fundamentais, gerando um ciclo de exclusão que leva a mais violência.

Apesar do que possa parecer nas notícias sobre a Colômbia que chegam ao Brasil, mais de 85% dos assassinatos cometidos no país não têm qualquer relação com o conflito guerrilha-paramilitares-Exército. E mais: 80% das mortes em Cali não têm a ver com o tráfico internacional de drogas.

O dinheiro americano para o Plano Colômbia (US$ 3 bilhões nos últimos três anos e já com promessa de renovação), a propaganda do presidente Álvaro Uribe contra o que chama de “narcoterroristas”, seu apoio à Guerra Global Contra o Terror e a chamada Política de Segurança Democrática podem ter conseguido diminuir a área de cultivo de coca (segundo dados oficiais, de 180 para 65 mil hectares), mas estão muito longe de trazer segurança para a população.

Já, como no Brasil, os fatores que verdadeiramente alimentam a violência estão muito mais ligados a questões como miséria, desemprego, subdesenvolvimento, falta de oportunidades, baixa escolaridade. Na Colômbia, de acordo com dados do Banco Mundial, a taxa de pobreza é de 67% e a de extrema pobreza, de 26%.

O MORRO SEM LEI

Se existe um lugar com direito à paranóia de segurança em Cali é o bairro Siloé, um morro com vista privilegidada da cidade e onde se estabeleceram os guerrilheiros do M-19 desmobilizados depois que o grupo se tornou um partido político no início dos anos 1990.

Táxis não sobem as poucas ruas pavimentadas e tampouco existem linhas de ônibus. As únicas formas de acesso são em carros particulares (que chamariam muito a atenção jea que desconhecidos não são bem-vindos), ou a carroceria de velhos jipes de lotação que levam até um único ponto no bairro e de volta ao centro. Ao meio dia de uma sexta-feira as ruas estão desertas. Até mesmo o posto de saúde, com cercas de arame farpado de mais de 2 metros de altura, fecha antes das 2 da tarde porque os médicos têm medo de ficar depois desse horário.

 O poder público não tem feito muito para mudar o quadro, segundo Alfredo Bedolha, um ex-guerrilheiro do M-19:

- Havia um policial de nome Milton, que no fim dos anos 90 matou mais de 100 jovens delinqüentes em Siloé. E a violência não diminuiu por causa disso. Continuamos sendo o bairro mais violento da cidade. 

FRADE MEDINA.

Salvo pela falha

do revólver

 

Nem a casa dos franciscanos, com seus votos de probreza, foi poupada. Num dos quatro assaltos que sofreu, o frade Luiz Eduardo Medina só não foi morto porque o revólver do assaltante falhou duas vezes antes que ele o usasse como porrete e deixasse um rasgo de nove pontos na cabeça de outro frade:

- Estou muito frustrado com tudo isso, porque a comunidade aqui não responde às iniciativas. Estão todos trancados em casa com medo de ser mortos ou agredidos. Já perdi a conta de quantos cursos de teatro, violão e outros nós oferecemos no Centro Juvenil e ninguém se inscreveu.

Um rapaz de cerca de 20 anos passa pelo frade, enquanto guarda um canivete no bolso e responde com um aceno de cabeça ao cumprimento de boa tarde.

- Este foi um dos que me assaltaram. Passo por ele todos os dias e não há nada que se possa fazer.

"AQUI O ESTADO DE DIREITO É TERRORISTA"

Ativistas dos direitos humanos estão sob ameaça de morte

 Sim, na Colômbia há altos índices de violência comum e muita paranóia com a guerrilha e o terrorismo da população em geral. Mas, para sindicalistas, políticos de esquerda e membros de ONGs, a maior fonte de medo são os paramilitares e setores do governo que associam direitos humanos com guerrilha comunista e  dividem o mundo entre esquerda e direita, à moda da Guerra Fria.

Praticamente todos os dirigentes do Partido Comunista foram assassinados. Os poucos que restam andam cercados por guarda-costas. A maioria dos líderes comunitários e ativistas de direitos humanos também estão ameaçados de morte e muitos carregam rádios entregues pela polícia para poderem ser avisados de novas ameças.

A reportagem visitou nove ONGs no país, entre elas Médicos Sem Fronteiras, Comitê Internacional da Cruz Vermelha, Justiça e Vida, União Cristã Universitária, que reclamam da relação com o governo, embora nem todas assumam uma posição de embate direto - o que poderia comprometer suas atividades. Lilia Solano, diretora da ONG Justiça e Vida, desabafa:

            - É muito difícil, para as ONGs, buscar caminhos de paz sustentada quando o Estado de Direito é um Estado terrorista, como aqui na Colômbia ou nos Estados Unidos, onde se manipula a população, manipulam-se os dados, controlam-se as urnas e garante-se uma política de guerra. Mais importante do que a paz pela paz, é compreender as causas do conflito social: luta pela terra, contra o desemprego, a injustiça e o modelo econômico de exclusão.

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